Memórias e ação
Pra quê?
Ainda tem muito a saber, mãe
E de tantas perguntas, esta que
Me trás angústia: "pra quê? "
Sou tantos em mim mesmo,
Surreal encontro ascendente
Do real e o indivisível
No pulsar incessante que
Ziguezagueia minha mente,
Do ponto à tríade inacessível
Que da forma a tanta gente
Encontro no chão
Do quarto dos meus pais
Meus cinco anos de sono,
Vendo pensamentos através dos quais tudo tem cor, odor e sabor
Há vida
E ainda dor;
No teatro eterno da morte.
Me ponho à tocar minha memória,
Mas, por sorte;
Não percebo quando ela me toca
Ou mesmo
Quando o ar carregado
De poeira e saber
Da alma alheia
Traz-me a vontade
De saber o que querer,
Pra quê ?
(A tinta da caneta
Desfila o tempo
Numa folha de papiro
A completude do agora
E meu EU recém-criado
À morrer nesta overdose.)
Mas, por que?
Te contar o que sinto
E a verdade é fingir que minto,
Tudo que sou em sonho
E ao pensar desisto.
Ora, pra quê...?!
O sorriso dela ainda
Ilumina o percurso
A viagem pra dentro e suas
Armadilhas.
Sofrer com liberdade,
De escolher o que querer,
É trazer consigo a dor
De não saber pra quê.