UM POUQUINHO DE CONSCIÊNCIA, POR FAVOR.
UM POUQUINHO DE CONSCIÊNCIA, POR FAVOR.
O título desse texto me veio à cabeça de repente, nem comecei e não sei o que escrever. Tem um ditado que se encontra em muitos locais de trabalho que diz: “Conhecimento é quando nada funciona mas todos sabem por quê. Competência é quando tudo funciona e ninguém sabe por quê. Neste local temos conhecimento e competência: nada funciona e ninguém sabe por quê.” Considero que consciência é saber o porquê, o como e o onde. E, muito importante, observar se há coerência entre esses tres aspectos. Ninguém consegue matar um elefante com um palito e não é necessário um canhão para matar um mosquito.
O momento que vivemos em nosso país é muito preocupante, para não dizer pavoroso. Nunca fomos colocados frente à frente com tantos crimes contra a nação brasileira. O rei está nú. Estamos presenciando, estarrecidos, um desfile de horrores, de atividades escusas por parte daqueles nos quais confiamos administrar os destinos de nosso país, independente de partidos, de credo político, de origem, de qualquer outra característica. A quantidade de pessoas envolvidas e a diversidade de suas profissões só têm em comum uma coisa: a falta de qualquer padrão moral, de qualquer preocupação com o povo, de um mínimo de decência. Sempre me preocupei que, caso eu perpetrasse algo indigno, como encararia meus filhos e meus outros familiares, ao chegar em casa. Quando vejo esse clima que se instalou, essa desabusada troca de insultos, de acusações, de justicativas tipo”-Fiz, mas quem não fêz?”, fico arrepiado. Não me acho um grande exemplo de honrades. Mas diante do que está acontecendo me sinto um querubim, um santo, um anjo. O patamar a que chegou o roubo feito por altos funcionários, eminentes políticos, grandes empresários, é impressionante. Não me venham dizer que sempre se roubou, e que por que um partido popular está envolvido, se justifica continuar a roubar. Nada, mas nada mesmo, explica o que estamos presenciando. Estamos vivendo uma catástrofe política sem paralelo pelo menos nos últimos 65 anos. Desde criança acompanho fatos marcantes em nosso país. A Saída de Dutra me lembro vagamente, o suicídio de Getúlio, a esperança em JK, a renúncia de Jânio, o golpe militar comprado pelos americanos, 23 anos de uma incestuosa convivência de militares e empresários que depeneram o Brasil, a morte de Tancredo (eterno morador dos muros), o dono do Maranhão, um intelectual metido a governante, um sindicalista carismático, uma revolucionária revanchista. Pronto, em poucas palavras nossa história de 1950 a 2016. Note-se que sempre foram problemas localizados, atingindo uma parcela do nosso extrato socio-político. Dessa vez é diferente, todos os setores sofrem as consequências dos desmandos causados por políticos, sejam de qual orientação for. E o inusitado, em minha opinião, é que estamos assistindo ao vivo essa comédia horrorosa, esse drama do país que amamos, em mais uma republiqueta da América Latina. Não merecemos isso. Quem prestou ou presta para dirigir uma nação rica, com potenciais imensos? Ninguém? Não sei. Aliás, só sei que não sei de nada.
Só para concluir: um líder tribal conseguiu unificar seu país após ficar 27 anos preso, sem rancores, sem revanchismo, só com compreensão e amor ao próximo e a sua pátria. Por que não temos um Mandela? Culpa dos americanos.
Paulo Miorim