Fatos, fenômenos, ideias e opiniões
Não precisamos arrostar o antagonismo com desdém, quando uma opinião alheia se contrapõe ao que acreditamos. A arrogância por si só não outorga ao arrogante qualquer direito ou prerrogativa sobre a verdade em si de qualquer fato ou fenômeno, nem o beneplácito para arrolar às falácias qualquer proposição. Não que precisamos coadunar o nosso pensar ao pensar alheio. Podemos pensar diferente. A questão é: estamos prontos para debater ideias sem ferir susceptibilidades ou nos melindrarmos? Não estamos num jogo de certo ou errado, de quem ganha ou quem perde. Enquanto confrontamos visões distintas, ou pretendemos separá-las ao nosso talante, para a nossa simples satisfação quando solapamos a opinião do outro ou quando arrefecemos o nosso entusiasmo quando perdemos a disputa, a insofismável verdade graceja de nós, por nossa puerilidade. Pois a verdade dos fatos e dos fenômenos jamais será susceptível à corrupção ou estará sobre o guante de qualquer déspota ideativo. Mas algum dia aprenderemos a debater ideias e evoluiremos coadunando as diversidades de opiniões para um bem comum, para um ponto em comum, nessa jornada filosófica em busca de um sentido maior para os fatos e para os fenômenos. O debate é bom e salutar quando um não pretende destruir o outro, o desqualificando, mas com o intuito de aprender o que o outro sabe, compreendendo e assimilando o que antes era ignorado. Diálogo profícuo com quem pensa diferente é compenetrar-se da ideia de que a assertiva consiste em perceber que o oposto, o antagônico não era assim tão diferente, apenas se expressava com outra linguagem.
Valdecir de Oliveira Anselmo