Era uma vez, uma flor...
Era uma vez uma flor,
Que foi cultivada com muita amor,
Que desconhecia o que era dor.
Era uma flor linda e delicada,
Que tornava belo o lugar onde enfeitava.
***
Sua beleza chamou a atenção,
E foi ferida sem nenhuma razão.
Ela sentiu dor,
Mas ainda sim com o mesmo brilho continuou.
Os lugares ela continuou a enfeitar,
E a beleza neles continuou a reinar.
***
Até que a feriram novamente,
E a dor causada até hoje ela sente.
O lugar onde enfeitava não tem mais aquela beleza,
E ela começou a ser tratada com mais despreza.
***
Num lugar sem importancia ela ficou,
E sem cuidados algum ela murchou.
Ainda a maltratavam e ela não reagia,
A dor tomou o lugar da alegria.
A paz já não fazia parte daquele lugar,
Foi destruido por pessoas que esqueceram o que é amar.
***
Ela não tinha nada a perder,
Sem fazer nada já a faziam sofrer.
Murcha, isolada, ferida,
Mas não esquecida.
***
No momento em que lhe causaram dor,
Um de seus espinhos os furou.
Nem ela sabia
Que tal arma possuía,
Mas que apareceu para que salvasse a sua vida.
Não foi uma forma de vingança, e sim um método de se proteger.
Daqueles que a faziam sofrer.
***
Mas nada voltou a ser como antes. Já não era uma flor bela, tampouco delicada.
O mundo a machucou, e ela se protegeu e com isso se tornou uma ameaça todas as vezes que se protegia dele.
Então ela foi esquecida,
E assim ficou até o fim de sua vida.
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O mesmo ocorre com os seres humanos. Os oprimidos se cansam e resolvem se proteger, mas a opressão vê esse ato como uma ameaça.
Nos tornamos fortes e muitas vezes perdemos tal sensibilidade, e muitas vezes o ódio toma conta do amor.
Não tem como sair sem feridas. O mundo nos machuca e depois nós mesmos nos machucamos. Nos tornamos frios, desprovidos de qualquer sentimento contrário ao ódio.
O amor ainda continua vivo dentro de nós, mas se esconde do mundo e até de nós mesmos.
Nos tornamos fortes e capazes, mas também frios e tristes.