Sobre machismo : polêmicas da realidade
O tipo de mentalidade daquele que escreve para o orgulho de ser hétero ensinando qual mulher é pra "brincar" e qual é pra casar. Categorizando mulheres, julgando mulheres por comportamentos pré-concebidos sobre o que é ser "de família", sobre o que é "se dar ao respeito" me indigna. Mais do que isso. Não é por nada, mas não se caracteriza ninguém assim. Na teoria e (deveria ocorrer na prática também) todos merecem respeito. Dignidade e respeito, independente de sua origem, sexo, religião. Mas esse pensamento está tão enraizado na sociedade, que por vezes, nós mesmos nos vemos presas diante de tais conceitos e tentando nos adequar ao "comportamento socialmente correto". Uma colega de infância postou na rede social facebook uma grande verdade. O comentário dela diz exatamente o que penso: "Infelizmente a gente vive numa sociedade machista, homofóbica, racista e completamente preconceituosa com pessoas de classes sociais mais baixas. O pensamento é tão enraizado nas pessoas, que elas nem percebem que uma brincadeirinha é completamente ofensiva à outra pessoa. Mulher é julgada 100% do tempo. Desde o modo como se veste, como se comporta, suas opiniões e até mesmo quando está quieta. Ser mulher é aguentar que outros a tratem como "espaço público". Digo isso por vários motivos: você está na rua, de boa e ouve uma cantada. Isso é invasivo. Ou então, você acaba fazendo uma manobra errada com o carro: "é porque é mulher". Mulheres tem que ser femininas, com um salto, um cabelo comprido, pouca maquiagem. Mas não podem chamar atenção, usar roupas curtas. Mulher não pode ser quem ela quer ser. E isso deprime tanto". O pior de tudo é que mesmo esse assunto sendo "clichê”, é pouco discutido publicamente. E ele está em todo lugar. Na igreja que prega como a mulher deve se comportar com seu marido, nas propagandas sempre enaltecendo as curvas das mulheres e deixando de lado suas opiniões, nos programas ridículos em que são gastos milhões apenas para fazer piadas racistas e em que as mulheres sempre aparecem seminuas, nos filmes em que o roteiro e os personagens são sempre os mesmos: “as líderes de torcida, o baile de formatura, o garanhão, as patricinhas versus a feiosa que tem que ficar bonita para ser admirada pela sociedade”. Aí a sociedade imita esse tipo de comportamento "velado", pois não consegue enxergar tamanha barbaridade na sua frente. Enfim, daí a mulher chega num local de emprego exercendo as mesmas funções do colega, e com salário reduzido. Além de ter de suportar cantadas do chefe, cantadas na rua e cantada até quando quer ser levada a sério. Parece exagero, mas não é. A mulher de modo geral sobre uma retaliação gigantesca o tempo todo. E isso é triste. Acredito que a mulher deve ter suas escolhas e total liberdade para fazer, pensar e agir da maneira que se sentir melhor. E não seguir padrões ou normas impostas pela sociedade.
Quem sabe se a mídia debatesse mais sobre esse tipo de questão, se fosse de interesse do governo propagar uma visibilidade positiva na sociedade em relação a mulher e não apenas como alguém que deve estar sempre bonita, atraente e almejar um bom partido. Se as pessoas tomassem mais cuidado ao se dirigir as mulheres e imaginassem o quanto é ruim que lhe diminuam apenas por ser mulher. Se elas soubessem o quanto é ruim quando alguém simplesmente afirma “isso não é coisa de mulher", como quem desdenhando de sua capacidade. Se elas soubessem o quanto fere o direito de liberdade de a mulher continuar propagando essa cultura machista. Ao invés disso, preferem investir em revistas e meios de comunicação que pregam sempre a mesma temática de "como conquistar fulano ou beltrano" e se esquecem de que a mulher não veio ao mundo pra servir ninguém. Esse incentivo ao que ela deve ou não fazer é ridículo. E por acaso por que não inventaram um manual de instruções ao HOMEM de como lidar com as mulheres? Aliás, mulher não precisa agradar, nem servir ninguém a não ser ela mesma. Acredito que a mulher tem que ser o que ela quiser. Nunca, jamais se deve impor algo a uma mulher e esperar que ela aceite de cabeça baixa. A mulher tem todo direito e poder de decisão sobre que caminho quer tomar na sua vida.