Atemporais
A poesia é atemporal
É nas palavras que somos eternos
A vida é só e basta
Porque somos todo infinito contido no peso das letras
Somos todas as linhas tortas
E também as palavras de cada linha
Somos traço, curva e encanto do soneto
A complexidade das trovas
E a simplicidade do cordel
Somos a rima que forma canção
Somos crase, texto e oração
Somos a plenitude dos livros que nos escrevemos todos os dias
Colorindo as páginas brancas com sorrisos e agonias
Somos a capa
E as orelhas que se dobram diante as lembranças da página anterior
Somos o que somos
E as vezes temos a sorte de sermos lidos
Outras somos acumulador de pó nas estantes
Mas somos instantes vivos
Pois nos há o privilégio de sermos eternos na infinitude beleza de se ter fim
Mas de também ser recomeço.
Charlene Angelim