Diálogo

O rosto cansado do homem que cobra as passagens era pálido.

O ônibus estava vazio, poucas pessoas acomodadas nos bancos e uma moça que tem o hábito de exercitar muito a fala preferiu ficar em pé para falar sobre as coisas que ela julgava entender.

Seu marido não a ouvia mesmo, e seu filho por ser ainda pequeno tinha que ouvir mesmo não ouvindo, para ganhar um biscoito antes do jantar.

Joana falava com tanto desejo que seu rosto brilhava sob o teto do automóvel coletivo.

Esgotava-se para se sentir viva. Mesmo que perdesse a voz. O homem despertou. Incentivando o diálogo com um sorriso sincero.

Saboreavam cada palavra e na esquina de seus corações um caminhão cheio de possibilidades os atropelou.

Foram pra casa com hematomas invisíveis.

Brígida Oliveira
Enviado por Brígida Oliveira em 02/03/2016
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