Desculpa
Sou do tipo que recolhe o lixo
E não escondo a sujeira que fica nas mãos
Eu passo a vassoura no quintal
Enquanto chove
E junto as lembranças dispersas pelos cantos
Tirando o pó dos sentimentos.
Hoje acordei com saudade.
Saudade do que vivi.
Saudade do que não vivi.
Saudade do que só vivi na minha cabeça.
Quebrei minhas promessas tolas
E empurrei a raiva ralo abaixo
Ouvi meu soluço desesperado
E chorei
Chorei um tanto
Um pranto dolorido de gosto amargo
Baixo, calmo, leve e lento
Só chorei de saudade enquanto chovia na estrada escura.
Ontem eu tive medo
Eu tenho medo o tempo todo
Eu tenho medo de admitir que tenho medo da distância.
Obviamente não mereço
Mas peço
Sinto falta do cheiro
Da pele
Do som
Da voz
Sinto saudade dos teus sorrisos.
Porque quando fui amada não devia.
Quando amei, não podia
E fiquei em silêncio.
E ainda fico, esperando você dizer qualquer coisa boba
Qualquer bom dia inesperado
Qualquer boa noite não calculado
Qualquer coisa que me faça entender
Que ainda existo para você.
Que ainda existo.