A queda
Quando você me olhou a primeira vez lá naquele pátio de escola, o mundo ao meu redor passou a não importar mais. Era você, você e mais você. Seu jeito de andar, seu cabelo ondulado – que você costumava mexer a cada dez segundos –, sua voz aveludada... eu não pedi para me apaixonar por você, foi você quem me obrigou a te amar.
Os dias estavam difíceis naquela época e foi em seu colo que encontrei a minha paz. Foi no seu sorriso de comercial de pasta de dente que encontrei força para não desistir. Você estava ali, e não importava mais absolutamente nada!
E foi aí que veio a queda: eu caí na real.
Você não era aquilo que eu esperava. O seu sorriso não era mais meu e eu não havia me dado conta disso. Pra você eu fui apenas uma aventura. Como me doeu reconhecer que eu fui uma página apenas de sua vida, enquanto pra mim você era tudo!
Aquele soco que você deu na parede quando eu te pedi pra não gritar comigo doeu como se fosse em mim. O que você disse quando estava indo embora me machucou como uma faca afiada cravada nas costas. Eu não queria aceitar que o meu príncipe encantado estava indo embora de casa, embora da minha vida. Mas você já havia ido embora faz tempo, não é mesmo? Você não estava mais ali, era apenas corpo presente. Sua alma estava ausente.
Eu sofria de um mal chamado amor. Doía mais que dor de barriga, ardia mais que joelho ralado, mas havia um lado bom: não era crônico. E o antídoto foi dado por você mesmo. O seu desprezo me curou. Eu caí na real. Eu caí. Mas agora estou de pé.