O choro
Todos nós choramos, embora muitos ditos machões digam o contrário, todos choramos. Tem quem chora de dor, de tristeza, de saudade, de raiva e muitos de alegria, emoção etc. O fato é que estamos chorando muito ultimamente e o nosso choro de hoje é diferenciando dos demais porque vai de encontro à nossa consciência, hoje estamos chorando de arrependimento, de não termos sabido votar, é doído mas é verdade, ainda não aprendemos a votar.
Mas isso tem uma razão, um motivo para justificarmos o nosso não saber ou o nosso medo de errar e com isso, acabamos por errar. Os mais novos não, mas os da minha idade se ainda me lembro bem, fomos acostumados primeiro a conhecer o chamado voto de cabresto e o voto com a barriga. O voto de cabresto é aquele que você vota acompanhando o desejo de alguém a eleger um parente, um amigo, um patrão etc. O voto com a barriga é aquele voto da fome, infelizmente ainda é o mais usado em nosso País, é o voto das promessas não cumpridas onde você vota pensando que vai acabar com a sua fome, mas ela só aumenta depois do seu escolhido ser eleito. Porque daí em diante, como Ele já te esqueceu e está com a barriga Dele estufada, você para Ele não passa de uma vaga lembrança do suporte que ficou lá no pé da escada que Ele subiu, você hoje é um estorvo que ele tem que banir de sua mente.
Há!, Ia me esquecendo de um voto do passado muito importante para os Coronéis da época, o voto da obrigação, esse chega até a ser hilário, mas como o caso é choro não vamos tripudiar ainda mais em cima de nossos antepassados, pois devem de estarem queimando de raiva em seus túmulos ao se darem conta de sua ignorância. Esse era aquele que o candidato te dava metade do prometido e o restante só depois das eleições, até hoje eu não sei se devo escrever essa palavra com letra maiúscula ou minúscula, Eleições ou eleições, há, deixa pra lá nunca fui muito fã da nossa gramática mesmo, são tantas vírgulas, tantos pontos e outros tantos entraves que acabamos sempre por escrever errado o que para nós está corretíssimo.
O fato é que hoje estamos chorando por qualquer coisa, vejamos: choramos por uma inflação alta que eles dizem não existir, mas nos espeta a toda hora que entramos num Supermercado, numa Farmácia, nessa então nem se fala, outro dia tive que comprar um remédio e só de ouvir o preço já me sarei, num foi ótimo nesse caso? O susto me curou, mais uma descoberta entre tantas outras surpresas em minha vida, vida boa apesar de tudo. Otimismo minha gente, otimismo.
É, eu hoje choro, não como quando era criança e chorava porque o presente que ganhei não era o esperado, mas por ter descoberto que quase tudo o que eu achava que era ruim, na verdade era o que eu deveria ter abraçado, choro por não poder enxugar as lágrimas de um doente sem que alguém lhe dê ouvidos, choro ao me alimentar sabendo que no mundo alguém está bebendo água suja e pensando num prato de um simples feijão com arroz, choro a morte de alguém que estava no lugar errado e recebeu a contragosto a bala que a outro era endereçada e choro, choro a minha ignorância por até hoje não ter apreendido a votar. E o meu choro não tem cura, porque se eu aprendo, tem muitos que desaprendem, por serem gananciosos e quererem sempre levarem vantagens onde a vantagem é algo ilusório.
Mas mesmo chorando eu nunca desisti, na medida que posso alivio a fome de alguém, tento tirar as dores de um outro, dizer palavras de conforto a um desnorteado por uma Sociedade capenga de bons valores, mas eu só faço o que eu posso, o que está ao meu alcance, dentro das minhas frágeis possibilidades. Eu também sei que você chora e não fique envergonhado por isso, o choro é o antídoto do mau em querer e não poder, esse mau nós não o pedimos, mas infelizmente ele nos afeta e muito, quiçá um dia, ainda que longe desse Planeta choraremos muito, mas só de felicidades. Tenham um bom dia.
Obs: Esse meu choro também pode ser chamado de desabafo.