A CARTA
Eu te perdôo porque sinto que o que nós passamos é mais importante do que qualquer mágoa, eu te perdôo pelo simples fato da sua humanidade imperfeita ser um subterfúgio. Mas não posso aceitar de volta a incerteza de estar com você, não posso fingir que você nunca brincou com meus sentimentos assim como eu estou fazendo com os seus, não que eu queira, mas é apenas uma consequência. Eu me entreguei porque pensei que você fosse me receber, mas acabei percebendo que a minha carta não era pra você, e que você só queria espiar a correspondência dos outros e cismar em derreter algumas letras dessa carta quando derramava algumas lágrimas nela. Depois dessa confusão eu esperava que você só deixasse a minha carta ir, eu esperava que você deixasse ela seguir para alguém que cuidaria dela mesmo ela estando bem amassada e desgastada pela ação do tempo e de seu apego doentio, mas você preferiu chorar até a carta ficar quase irreconhecível para que ninguém pudesse ler além de você. O triste é que essa carta lhe foi tirada à força, machucando você e à mim, porém agora ela pode ser enviada para o seu destinatário e tem espaço na sua caixa de correio para que possa receber a sua, porque no final, tudo se encaixa e o que passou vira apenas lembranças embaçadas de um tempo que não volta mais.