Pensamentos - Loucura?!
Perdi-me em pensamentos. Medo? Loucura - eu diria. Então seria medo; sim, seria, mas o medo na loucura é instável; os loucos também têm seus momentos de beatitude, onde pairam sobre o universo como deuses da ilusão. Desfragmentação interior. Não sei se penso, o processo de pensar em mim é evidente. Paro! Observo a vida, o corpo e seu peso todo fincado na realidade, os pensamentos vindo, criando imaginações, trazendo lembranças. Quem movimenta-os para mim? Que força se apodera de um pensamento antes que ele me venha à consciência? Assisto-me. Vivo-me a olhar-me por cima dos ombros como se fosse outro.
Obverso a natureza, encaro as nuvens que seguem como uma lenta multidão e percebo o movimento acontecendo, a vida fluindo, e os pensamentos tentando interpretar o interpretável. Perda de tempo. Ilusão. Tudo flui sem a minha intensão. Mas quem flui para mim estas questões? Quem, neste momento, movimenta a lanterna no oceano oculto de meu ser e escolhe exatamente estas palavras? Não as estou escolhendo, nem parando para pensar qual modo seria mais fácil de comunicar o que suponho não quero comunicar.
Que sou? Apenas um filtro por onde a vida passa. Penso, logo não existo! Penso sem ter por quem pense em mim. Sinto sem ter por quem sinta. Estou ficando louco ou consciente da loucura? O que é isso que sou se sinto-me pensando mas não sou eu quem pensa? Este mundo está dentro de mim ou eu estou dentro dele?
Sou apenas um pensamento vagando no nada? Sinto medo. Não há explicação. Chega! Quero que pare! Mas quem quer que continue? O processo não pára. Sou apenas uma voz ecoando em alguma dimensão vazia. Isto é loucura. Chega! não mais me deterei nestas reflexões. Sou eu quem controlo meus pensamentos, sou eu a minha mente, sou eu o meu corpo! Mas como assim meu corpo?
Onde estou em mim para poder possuir meu próprio corpo? Não possuo-me... Viver é não possuir nada. Minha cabeça dói. Chega! Chega! Parem! Parem! Deus... estou enlouquecendo?"