Negação

"Cansei-me! Cansei-me deste teatro, dos personagens, das máscaras , de todo roteiro; de mim! nem posso imaginar o futuro da humanidade. Chega dessa peça que interpretamos no palco do tempo. Eu nego! Renego! Não quero, não posso aceitar. E as criancinhas? Quiseram participar deste teatro? Sim, eu sei que elas um dias crescerão e se tornarão perdidas e neuróticas, destrutivas. Mas e a criança que não chegou a se perder da pureza e foi brutalmente morta pelas mãos de alguém? Castigo nenhum secaria as lágrimas dessas crianças. Só o perdão. Não! Que diabos de roteiro é esse? Como aceitar? Não posso! Eu deito aqui no fundo de mim mesmo e fico extático. Lutar já não posso mais. Então eu luto em negação. Irei-me como as folhas de outono caem sem saber porquê nem para quê? Morrem? O que morre? A ideia morre. Oeursonagem. Que ódio! Odeio está peça. Eu nego! Renego! Que não fique saudade, nem desperte em vossos corações lembranças cheias de sentimentos vaidosos. Não quero! Tudo é falso. Besteira! Jogos de encenação. Basta-me! Que continuem o teatro. Não quero mais interpretar. Para onde vou? Não há lugar para ir, não estou separado da peça, só existe o mundo e eu. Estou preso neste ergástulo da vida. Ah! E eu? Anh... perdi-me. Sou só mais um interpretando. Adeus!"

Fiódor
Enviado por Fiódor em 12/02/2016
Reeditado em 02/06/2023
Código do texto: T5541272
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