Pensamento XX

Nascemos para perecer. Saber perder é preciso. Errar também. É preciso saber perecer, pois é preciso saber viver renascendo para assim morrer de novo, a cada instante. Nós só existimos em função de deixar de ser, como o presente que é e já não é mais. Soltemos os pesos que carregamos, excesso de bagagem que levamos para lugar nenhum.

Esquecer é preciso. Nós já fazemos isso a todo momento. Grande parte de nossa vida repousa no esquecimento, pense nas coisas que mais considera "supérfluas" como pegar um copo d'água, ou o caminho que fazemos até chegar ao mercado, etc. E também os momentos felizes são propriedade exclusiva do esquecimento. Basta lembrar dos melhores momentos da sua vida, você não os revive continuamente, não é?! Se o revive é porque você está julgando seu presente desagradável, e você nega-o revivendo o que já foi vivido. Como um "cadáver vivo". Na alegria somos um com o momento, e não seres possuidores de experiência. Não se retém na consciência a alegria porque ao invés de possuir somos um continuum de experiência que se esquece no fluxo como as águas de um rio. Só o que fere a fogo a memória permanece como resíduo na consciência.

"As pernas bambeiam ao olhar para o abismo porque esquecemos que temos asas para voar"

"Somos o fogo que arde na madeira, somos a cinza que se desfaz com o sopro do tempo, somos a brasa que se consome num queimar eterno"

Fiódor
Enviado por Fiódor em 01/02/2016
Reeditado em 24/03/2016
Código do texto: T5529880
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