PERGUNTAS E RESPOSTAS

Podemos fazer perguntas simples e fáceis cujas respostas já temos a priori, assim como também as outras pessoas já as possuem, e perguntas complexas e difíceis, para as quais não temos as respostas e tampouco as outras pessoas as possuem. Da mesma forma, podemos fazer afirmações simples e prováveis, que todas as pessoas entenderão, assim como afirmações complexas e improváveis, que a maioria das pessoas não poderá entender e quem afirmou não poderá provar e explicá-las de forma que se tornem compreensíveis.

Recentemente deparamo-nos com um texto, onde o autor colocou as seguintes perguntas para os seus leitores: “O que há de verdadeiro ao nosso redor, nas crenças e na formação do caráter? Como falar de amor em meio a tanta violência e egoísmo? O que há de verdadeiro em nossas intenções? O que há que não seja imposto por interesse da civilização? O que há de verdadeiro em nós? Quem somos em verdade?”

As respostas para essas questões poderão produzir um livro, gerando controvérsias e polêmicas infindáveis, sem a menor possibilidade de se chegar a um consenso. Isso se explica pela complexidade dessas questões e pela diferenciação das pessoas que se propuserem a formular as respostas, tendo em vista a diversidade das suas culturas, crenças, experiências de vida, convicções pessoais, etc., e sobretudo o grau de espiritualidade, fatores estes que exercerão poderosa influência nos seus respectivos posicionamentos.

Ademais, devemos considerar que a inquietude intelectual que gera as indagações, é uma qualidade do Ser Humano, mas, por negligência ou preguiça, a maioria permanece na superfície das questões mais complexas, sem se aprofundar, acomodando-se na estocagem de perguntas que ficarão sem respostas, a não ser que outros as forneçam, mas que mesmo assim, dificilmente serão compreendidas. As perguntas mais difíceis, invariavelmente, estão no campo subjetivo, onde eclodem as idéias mais profundas, subjacentes aos conhecimentos improváveis, que são os de maior complexidade, os quais poderão ser obtidos pelo próprio intelecto que consegue formular tais questionamentos, o que geralmente ocorre através de um “insight”, quase sempre precedido de profundas reflexões ao longo da vida, como características daqueles que se empenham de fato, na obtenção desses complexos conhecimentos, onde estão, em estado latente, rigorosamente bloqueados, dependentes da Unção espiritual, todas as respostas para todas as perguntas, por mais inacreditável que pareça ao racionalista convicto, adepto do “ver para crer”.

Para a exacerbação do assombro do racionalista radical, o Ser Humano carrega dentro de si mesmo, no seu inconsciente, o próprio Universo, com todas as suas características, com todas as perguntas, com todas as respostas, pois ele é uma ínfima parte do todo, e participa da evolução, da mesma forma que todo o conjunto, de todos os ingredientes do Bem e do Mal, ambos como atributos intrínsecos da Humanidade, com origem na contaminação do Terceiro Princípio, o que nos esclarece que nenhum de nós está “do lado de fora”, e que participamos todos, sem nenhuma exceção, da constituição do conteúdo material e espiritual do Planeta Terra e do próprio Universo que contém tudo, indicando-nos que somos parte da essência do Universo!

Assim sendo, sabendo que “estamos dentro” e que fazemos parte dela, a História da Humanidade é extremamente desagradável, e mesmo descontando o que ela eventualmente produziu de melhor, o saldo é exageradamente negativo e nos enche de vergonha, tanto com relação ao passado, como com relação ao presente (Ezequiel 36;31,32). É claro que a participação individual do Ser Humano não é exatamente igual nesse contexto, e disso temos plena consciência, não é mesmo? Por isso, em Zacarias 13;8,9 e Ezequiel 5;2,12 podemos constatar que dois terços (66,6%) da Humanidade têm um destino diferente do destino de um terço (33,3%) dela, cabendo-nos examinar, honestamente, onde podemos nos encontrar nessa divisão.

As festas do final do ano com as orgias gastronômicas e etílicas passaram. As delícias das férias e o advento do carnaval com a liberação dos instintos primitivos, tudo reunido, poderão obscurecer a nossa percepção dos tempos sombrios que atravessa a Humanidade, sem a observação da semelhança do cenário atual com as indicações de I Tessalonicenses 5;1 a 11 e II Tessalonicenses 2;1 a 17. Jacó vive concentrado nos seus problemas do cotidiano e não percebe o ensinamento bíblico que recomenda meditar sobre o que não se vê. Jacó não notou que toda a estrutura ética e moral da Humanidade está depositada no lixo do Planeta, e que estamos na etapa do “vale tudo” ou “salve-se quem puder”, mediante a banalização do mal, a desintegração da Família e a falência da fraternidade e do Amor, movidas pela cobiça, malícia, desonestidade e má fé. É claro que não se trata de ficarmos totalmente alheios às nossas responsabilidades no contexto do mundo material, incluindo nossa Família, nosso trabalho e nossa participação no convívio social. Mas é tempo de nos dedicarmos a reflexões mais profundas e examinarmos em detalhes, a nós mesmos, diante das nossas circunstâncias, avaliando-nos a nós próprios, quanto aos valores éticos, morais e espirituais, corrigindo eventuais distorções, dedicando-nos com interesse às coisas que não se vêem. (Hb 11;1,3 e II Cor. 4;17,18)

I Coríntios 2,14,15 – O homem natural não aceita as coisas do Espírito de Deus porque lhe são absurdas, e não pode entendê-las, porque se compreendem espiritualmente. Mas aquele que é espiritual compreende todas as coisas, ao passo que ele mesmo não é compreendido por ninguém.

Como se pode notar, a “chave” é ser espiritual para alcançar todas as respostas! Mas como evoluir na espiritualidade sem a dedicação compatível com a pretensão? No mundo material, geralmente a cobiça funciona como o “motor” que impulsiona o Ser Humano a estudar e a trabalhar para formar o seu patrimônio. Qual seria então, o “motor” adequado para as pretensões espirituais? E que tipo de “patrimônio” seria o objetivo do pretendente a ser espiritual? (Mateus 7;7) Perguntas para Jacó responder para si mesmo. Os racionalistas imaginam, equivocadamente, que podemos compreender e assimilar o sentido substancial das Sagradas Escrituras, através apenas dos estudos e do ensino humano. Então, vejamos os textos abaixo:

Gálatas 1;11a16 – Mas, irmãos, quero que saibais que o evangelho que por mim foi anunciado não é baseado nos homens, porque não o recebi de homem algum nem me foi ensinado, mas o recebi por revelações de Jesus Cristo. Pois já ouvistes qual foi o meu procedimento no judaísmo, como eu perseguia violentamente a igreja de Deus, tentando destruí-la. E no judaísmo eu ultrapassava a muitos da minha idade entre meu povo, sendo extremamente zeloso das tradições de meus pais. Quando Deus, porém, que desde o ventre de minha mãe me separou e me chamou pela sua graça, se agradou em revelar seu Filho em mim, para que eu o pregasse entre os gentios, não consultei ninguém.

I João 2;27 – E quanto a vós, a unção que dele recebestes mantém-se em vós, e não tendes necessidade de que alguém vos ensine. Mas a unção que dele vem é verdadeira, não é mentira, e vos ensina a respeito de todas as coisas; permanecei nele assim como ela vos ensinou.

Contudo, precisamos ter consciência, que adotada essa disposição, estaremos, como os intrépidos alpinistas, procurando escalar uma enorme montanha, com todas as dificuldades compatíveis, e quanto mais se subir, mais sozinho se estará, pois muitos companheiros ficarão pelo caminho. Então, lá no topo, contemplando os Teósofos ali reunidos há séculos, e olhando para baixo, lá nas imensas planícies, o “alpinista” verá uma multidão de pessoas que gostaria de ajudar, podendo ocorrer-lhe os sintomas deste pensamento:

“Os tormentos pela retenção compulsória do conhecimento, que não pode ser expandido, são maiores do que os tormentos pela impotência de impedir a expansão da ignorância”. (Dossi)

Todavia, apesar desses tormentos, é preferível tê-los ao lado dos conhecimentos improváveis, do que sermos os portadores de excessiva ignorância, em função da negligência e resignação em não saber.

Como metáforas, Jacó faz parte dos resignados, vagando pelas planícies do deserto, integrando a multidão envolvida nos conflitos de interesses do mundo material, enquanto Israel escapou do deserto e dos seus problemas, e lá do alto da montanha contempla os novos horizontes que extrapolam a racionalidade. Vamos lá Jacó; lute com Deus; agarre-O com firmeza e não O deixe ir, até que Ele o abençoe, mesmo que você saia mancando de uma coxa. (Gênesis 32; 22 a 31)

Aos novos “alpinistas” desejamos sucesso na sua escalada e que Deus os abençoe!