Parábola do Engenheiro Civil: para uso dos não engenheiros.
Um engenheiro civil é condenado por um crime que não cometeu. Na prisão, cujo os detalhes conhecia, pois já havia planejado e executado algumas, acreditou que seus conhecimentos técnicos o libertariam dali.
Sabia das estruturas, das partes mais fracas e vulneráveis da prisão e acessos a túneis de esgoto e passagens restritas.
Alimentou então o desejo e as esperanças suas e de colegas próximos de que em breve estariam livre daquele gigantesco bloco de concreto e ferro que os rodeava por todos lados. Mobilizou outros pouco amistosos, mas que se dispunham a deixar rixas de lado em prol de uma causa comum e mais proveitosa.
Com ajuda deste presos, ainda que leigos, conseguiu depois de muito empenho, esforço e acima de tudo inteligência, escapar da prisão - levando consigo outros encarcerados.
Cada um dos fugitivos teve um rumo e destino próprio. Alguns recapturados em seguida, outros depois de anos levando uma vida normal tiveram o passado arrombando pela manhã as portas de sua casa.
Outros morreram enquanto sentiam por alguns instantes o gosto frio da liberdade enquanto protegiam seus corpos das balas, dos guardas e da traição dos mais próximos.
Alguns passaram uma vida inteira esperando por uma prisão que nunca aconteceria. O medo os acompanhou até finalmente serem entregues à morte natural e cansada, que o tempo oferece em troca da longevidade.
O engenheiro foi levado a uma prisão ainda mais segura e estranha àquelas que tinha habitualmente planejado.
Assim é aquele que conhece, mas não vive aquilo que sabe. Se torna encarcerado nas prisões que ele mesmo ajudou a criar. Até que outros lhe preparem algo mais forte e difícil de escapar e se torne novamente um aprisionado.