SOBRE A LOUCURA DA QUAL ELA ME ACUSA

Ela chamou-me louco. Mas que insulto, logo eu, louco? Por que? Por que não acredito que somos todos o delírio e o erro de um verbo que se fez carne e morreu por um nada mais que glorificar seu próprio ego tripartido numa profunda esquizofrenia? Por que reconheço, na medida do possível, a minha parcela de hipocrisia e mediocridade? Por que sufoco o oxigênio do meu cérebro e afogo afoito e desesperançado meus neurônios num oceano de dopamina? Ora cala-te menina, a vida nada mais é que tempo, e uma enorme causa perdida, um grande homem um dia disse "ai de mim, ó juventude cresça". Não faça caso, não tema a morte por mim, eu não temo, afinal quando ela não está, nós estamos e quando ela chega nós não estamos mais. Me deixe perder o meu tempo enquanto ainda o tenho, pois cada badalada do relógio nos fere, a última nos mata. Isso, cara mia, é o mais próximo da sanidade que você verá em toda sua pobre, cega e triste vida.