Eu obscuro
Ouço o barulho da chuva caindo lá fora, e tem sido assim há alguns dias, o cheiro do café exala e me permito mais uma xícara, é verão, mas aqui dentro de mim é inverno. Estirado na cama entre um livro e outro, ás vezes paro e me perco em meus devaneios, procuro compreender o que há de errado e me questiono sobre as escolhas feitas ao longo de todos esses anos, entre ir ou ficar, desistir ou lutar, entre certo e incerto, acontece que assertivas ou não, as decisões foram tomadas e coube a mim as conseqüências, coube a mim o gosto amargo das responsabilidades que chegaram com o tempo. Mas, aí eu percebi que pensar tem lá seus dissabores, desvendar a trama que minha vida se tornou fez-me compreender coisas um tanto desagradáveis, penso que seria melhor mantê-las intactas, mas eu tenho essa mania de tocar em feridas antigas, pressuponho que a dor me mantém vivo. É inverno aqui, faz frio e me dou conta desse lado obscuro que há em mim...