Ensaio

Andando em meio aos carros, trânsito e inúmeros sinais. Observo verbalizações pelas janelas entre gestos descabidos. Continuo o percurso - aérea. Minha vida passando como um sopro enquanto dezenas de pessoas confundem-se entre as buzinas. Não nos permitimos a contemplação do outro. Não é o momento. De repente nunca seja. A correria de um dia cheio não me permite notar no rosto de quem passa a perturbação de um choro contido.

Não, mas esse texto não é sobre o choro do outro. É sobre o meu próprio choro que também encontra-se contido. Em cada dia e em cada linha. Tudo passa muito rápido como os carros. Cada vez mais rápido. As vezes bate a porta o medo. Li essa semana que o medo é pura imaginação. Ele está lá no meu interior lutando com a realidade. O lance é que cansei de dar explicações a tudo. Simples, de repente não haja. E se não houver torna-nos seres no mínimo menos introspectivos.

Resumindo a missa: olhar o outro e deixar que nos olhem é tão complexo quanto por lençol de elástico numa cama de casal sozinha. Hoje, em especial, gostaria que me vissem. Ao mesmo tempo estar escondida entre essas linhas é bem confortável. Enfim, somos essa bagunça toda. Todo dia!

Ana Liszt
Enviado por Ana Liszt em 17/01/2016
Código do texto: T5514501
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