Restabelecendo os laços humanos

Hoje estou oficialmente me desprendendo das redes sociais. O motivo é simples: quero reaprender a viver.

Minha vida online é uma realidade ilusória. 800 amigos no facebook (só falo com 10), uns 200 seguidores no instagram (tenho foto com 4) e alguns grupos no whatsapp (silencio todos).

E na vida real? Continuo vazia.

O que eu quero dizer com “reaprender a viver” é voltar à restabelecer meus laços humanos. Como já dizia Zygmunt Bauman na obra Amor Líquido, “Vivemos tempos líquidos. Nada é para durar”. Ou seja, estamos numa época de transição, de modernidade líquida. Há tanta insegurança e medo em se relacionar que acabamos criando barreiras, dificultando nossa comunicação afetiva. E não estou falando somente de relacionamentos amorosos, mas sim de qualquer outro tipo de relacionamento em que ocorra interação pessoal. Amizades, namoros e até relações familiares estão cada vez mais individualizadas e instáveis, visto que os vínculos se mostram cada vez mais flexíveis.

Singularizando minha ideia, digo que me acostumei com a facilidade de estabelecer/terminar relações no mundo virtual. Os botões “desfazer amizade” ou “deixar de seguir” eram a solução para qualquer desentendimento com alguém ou somente pelo tédio de ver as postagens daquela pessoa na minha rede.

Isso simboliza relações mecanizadas, amizades à curto prazo, sem a responsabilidade de laços verdadeiros ou duradouros. Felizmente eu cansei disso.

Sinto saudades de conversas reais além de uma tela de celular, de tirar fotos sem a preocupação de postar no instagram ou de me divertir sem precisar contar para os meus seguidores do twitter. Me faz falta a felicidade compartilhada em tempo real, mas sem precisar de internet, somente estando junto de família e amigos.

Quero restabelecer essas conexões offline, deixar de participar de uma sociedade imediatista, ter a vontade de criar raízes, me jogar em relações novas e ser mais coletiva.

“Tudo o que era sólido se desmancha no ar, tudo o que era sagrado é profanado, e as pessoas são finalmente forçadas a encarar com serenidade sua posição social e suas relações recíprocas.” - Karl Marx