Há quem se sinta humilhado com a própria solidão, gente que é incapaz de falar sozinha, de confessar numa frase curta: “eu sou só”. Não posso compreender tal vergonha, mas entenderia se fosse medo, o pavor da implacável liberdade que só cabe nos solitários. Nunca rejeitei minhas vocações, vivo como um náufrago em festa, caminho pelas madrugadas comungando com todos os silêncios, um ébrio arrebatado pelo poder absoluto do “eu”.