És o meu ser, Felipe
Por trás deste sorriso
Há marcas profundas
Indesejadas, incuráveis.
Por trás desta alegria toda
Há manchas do assédio sexual
Há marcas da violência e persuasão.
Por trás desta pele
Há uma dor que não desejo a ninguém.
Por trás de tal beleza, ou feiura, como preferir,
Por trás desta capa de carcaças
Há uma escuridão densa e extremamente turva
Há desejo de vingança
Há pedido de piedade
Há o Felipe.
Por trás de tudo isto, indo mais a fundo,
Existem lembranças das vitimas
Dos esquecidos
Dos excluídos
Daqueles que passaram fome
Daqueles que morreram sorrindo em minha frente
Há memórias do sofrimento
Há um feiche de luz, porém.
De ter seres e seres que se importam com minha existência
De conquistas que fui adquirindo
De risadas verdadeiras e momentos inesquecíveis
És o que eu sou.
Um órgão pulsante
Ardente e desejando a vontade de fogo
Outra metade escura e sombria
Podre.
És o que não sou
Meus melhores dons sempre foram sorrir
esquecer
Relevar
De tanto que o pequeno deseja o melhor para si
Este aprendeu a ser forte
Este aprendeu que mesmo o coração em trevas
Deve sorrir
Deve alegrar
Deve abraçar e amar
Socorrendo a dor do próximo...