MEDO
Eu tenho medo do provisório. O finito me assusta. Nada é eterno. Tudo é efêmero. Essa interrupção abrupta me tira o sono. É um veneno que a minha alma saboreia. Se eu pudesse não amar...O medo iria embora. Meu coração não sentiria falta da risada maluca de minha irmã caçula, da respiração suave de minha mãe querida, do olhar perdido de minha irmã do meio... Não haveria dor, o medo da perda... Não haveria amor. Não haveria nada. Mas eu tenho essa mania louca de me perder na existência daqueles que eu amo. Eu sempre mergulho nos pequenos detalhes. Morrer afogada no mar de emoções é a minha rotina. Amar é tudo o que eu sei. Eu amo. Amo muito. Eu amo e tenho medo do provisório. Meu pai com sua lembrança saudosa me mostrou que tudo é finito. Se eu pudesse não amar... O medo não faria de minha alma uma residência eterna e do amor uma agonizante tortura. Flores amarelas para uma menina medrosa.