PRADA
Posso ser mais que um simples tolo
a procura do imperfeito.
Uma sacola de roupas e pés pra caminhar.
Um dia eu terei ido
feito uma flecha no vento
um tiro certo apontado pro ar.
Quero chegar alto
pra ver de onde o sol vem ao raiar
pra saber brilhar
e alimentar a alma.
E num pouso sereno,
encantar-me ao encontrar a imensidão.
Saber que horas são e que o momento passa.
Feito que os olhos são apenas uma miragem.
Eu mal posso ver
com as ondas que batem no meu rosto
e me levam de volta pra margem.
Viver andando a passos largos na contramão
iluminando os cantos da imensa escuridão
saber que quem merece pode se estender a mão
erguer toda derrota esparramada pelo chão.
E para os que evitam as vozes que ouvem,
e morrem com elas no peito sem poder gritar:
Eu mijarei no túmulo de poetas feito eu!
Que poetizam pras suas mentes solitárias.
O mundo gritaria pra te ouvir e você grita pra ecoar dentro da cabeça.
Talvez seja assim o único jeito de poetizar as coisas.
Ecoando pensamentos em palavras até que a mente absorva.
Até que você convulsione e precise vomitá-las num papel.
Poemia até morrer, como o último ponto final faz do poema.