==desde o meu retorno da temporada na lua.
Observo, com uma dose de nostalgia, o jardim e a maneira como o som das ondulações da piscina chega até meus ouvidos. Apesar de estar cercada por concreto, presa nessa liberdade estranha, consigo ouvir a sinfonia de cigarras em algum lugar.
Uma tristeza pousa sobre mim.
Começo a pensar.
Como conseguimos viver nessa caixa gigante de sapato? São muitas portas e janelas, vidros, persianas, quase sempre fechadas. Erguemos muros altos demais e nos esquecemos das pontes e vielas. Então, nos mantemos fechados, seguros, solitários, quando, na verdade, deveríamos construir veredas doces e floridas que nos conectam uns aos outros. Somos programados para a convivência, vulneráveis e sensíveis, cheios de gente e história, porque somos um mundo no mundo, um planeta particular nessa galáxia maluca e infinita.
Mas tenho medo de ser, de estar, de viver. Tenho medos demais.
Há muita vida lá fora, e olhar apenas para dentro de mim mesma e cultivar esses medos absurdos, talvez, seja um terrível desperdício de vida.