Passarinho
Num milésimo de segundo, um canto soa.
E no minuto seguinte, ele levanta voo. As asinhas atrofiadas estranham a atmosfera, mas não perdem uma só informação. Há nuvens. Nuvens cheias, carregadas de poréns, e de todas as adversativas que possam impossibilitar aquilo que a humanidade aprendeu a chamar de sonhos. E chove. Poréns, entretanto, mas e contudo pingam em gotas generosas em cima de cada cabeça, cada psique, cada coração. Então, aquelas mesmas asinhas que até então eram somente atrofiadas, se perdem. Se quebram. Perdem a vida.
O silêncio cai sobre a humanidade. Ninguém vê. Ninguém escuta. Ninguém levanta a voz. E o único som que soa é o canto daquele passarinho da asa quebrada, que permanece em seu canto, em sua prece, desejando incessavelmente uma cura.