==o estado natural de tudo.

Nada volta, porque a vida é para frente. É kadima. Do hebraico: Adiante, avante. Por muito tempo eu me iludi com a ideia de que resgatar o passado fosse voltar no tempo e trazer de volta aquilo que um dia aconteceu. E tudo ficaria da mesma forma. Mas toda vez que eu visitava o passado, insistindo em algo que havia acabado, eu deixava meu presente se dissolver. Eu perdia meu tempo. Porque aquilo que passou jamais pode ser reconstruído, não da mesma forma, não da maneira original.

Cada vez que reconstruímos algo, uma coisa se perde nessa construção. Afinal, se eu quebro um copo, posso colar os pedaços e reconstruí-lo, mas alguma coisa se perderá, uma poeira de vidro, algum resquício, um pedaço. O copo jamais será igual ao original.

Tenho pensado ultimamente em uma coisa: meus vinte e três anos. Se eu colocasse minha vida numa linha do tempo, certamente meus 23 anos seria a pior e a melhor parte dessa linha. Dizem que existe uma coisa chamada "a crise dos vinte e poucos anos". De fato, eu a estou vivendo agora. Meus 23 anos está sendo um completo caos.

Então, esse texto remete ao título. Entropia. Palavra estranha e, de certa forma, bonita. Do grego "Entropêe", que signifca "em mudança".

Entropia é um conceito da termodinâmica. É física. Esse conceito mede a desordem de um sistema. Quanto maior é a desordem de um sistema, maior é sua entropia.

Pois bem.

E o que isso tem a ver com meus 23 anos?

Tudo.

Por muito tempo eu acreditei que eu deveria sempre buscar a ordem dentro de mim. Ser milimetricamente correta. Que eu não poderia errar, mas, como eu sempre errava, me culpava por ser uma péssima pessoa. Uma pessoa que não sabe amar. Sempre tentei arrumar meu caos. O caos que é minha cabeça e meu coração.

Eu sempre caminhei numa linha reta, contudo, em alguns momentos (muitos deles), eu desviei para o caos. Porque a desordem e a confusão sempre foram mais excitantes. Eu me sinto viva assim. Então, dias atrás, comecei a entender.

O caos é o estado natural de tudo. Não o contrário. Sempre imaginei que fôssemos ordem tentando desordenar-nos. Mas, não. Somos caos, constantemente tentando nos manter na linha, na ordem.

O ápice do meu caos está ocorrendo agora, nos meus vinte e três anos. Eu, literalmente, abracei minha confusão, minha desordem. Eu mandei as regras e falsas condutas para o espaço. Eu deixei que desatassem meu nó. Eu parei de tentar entender o motivo de todo mundo ser complicado. De ninguém ter tempo. Eu comecei a viver minha vida. Eu comecei a compreender que todos são um pequeno foco de caos. Tal como eu. Eu deixei ideologias, demagogias e analogias de lado. Eu aceitei meus erros.

Eu parei de olhar para o passado. Parei de perder tempo. Aprendi que tempo é questão de prioridade e ninguém é tão ocupado que não tenha tempo. Não existe falta de tempo, existem desculpas. Desculpas sempre serão desculpas. Uma maneira de se boicotar.

Eu parei de tentar entender o mundo.

Agora, estou me entendendo.

O resto é só o resto.

Nunca mais vou pedir desculpas por ser quem sou.

Ana Luisa Ricardo
Enviado por Ana Luisa Ricardo em 02/01/2016
Reeditado em 03/01/2016
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