Lágrimas
Mas as lágrimas que mais doem
Como mil faces de uma mesma lâmina
Que perfuram insistentemente a mesma ferida
São as lágrimas que não podem ser derramadas.
As lágrimas que extravasam sorrisos falsos
E contentamento sombrio e solitário.
Elas delineiam o cansaço
De olhos que reconhecem seu salgar
De um transbordar de coisas imutáveis.
Elas já não se justificam
E não se permitem escorrer por causa alguma
São engolidas uma a uma, ponta por ponta
A ferir de morte meu corpo.
08/03/07