A arte de não escrever nada !

Eis então que resolvo passear pelo recanto, para observar publicações alheia. E me deparo com um texto muito bem escrito, de uma moça que contava sobre suas angústias amorosa. Mas não de maneira poética, ou com um entediante endossamento metafórico. Ela escrevia de forma simples e clara, contando pessoalidades de sua vida, e todas as suas experiências. E eu não estava nem um pouco interessado em ler aquilo.

Logo depois, chego ao texto de uma coroa, já com seus 65 anos. Era uma poesia meio difícil de se ler, mas sei que falava de amor. Sei também que ele usava palavras antigas, e não só as palavras, mas as idéias contidas na poesia demonstrava algo. Que aquele senhor, muito certamente, já estava estacionado num tempo bem distante do meu.

Já cansado, eu me disponho a ler um último poema, publicado por uma menina de 18 anos. Foi de dar raiva! Ela falava sobre sentimentos e emoções, utilizando apenas uma simples estrofe sextilha. Ora! Como ela pôde querer discorrer de algo tão complexo, em tão poucas palavras? Provavelmente se tratava de uma pretenciosa, que estava apenas querendo " causar".

Porém depois de um banho e já pronto para dormir, eu começo a pensar no texto da moça angustiada . E percebi que suas experiencia eram tão cotidianas em minha vida, que eu estava sujeito a passar por no mínimo 1/3 do que ela passou. Começo então, de forma estranha, entender a poesia do coroa apaixonado. Chegando a conclusão de que mesmo falando de maneira antiquada, aquele velhinho falava de algo que eu já conheci, o Amor! Mas como? Como aquelas palavras poderiam fazer sentido hoje? Foi quando descobri que o amor e os sentimentos são atemporais, que independem da época, contexto histórico, econômico ou político. Percebi também que eu nada sabia do assunto chamado amor.

Mas o que não me deixava dormir, era a tal garota e seu poema sextilha. Ela me causou muita raiva aquela noite, falando de modo tão preciso e sábio, e com pouquíssimas palavras. Então finalmente compreendi que minha raiva era de não poder ler mais um pouco, ler pelo menos mais um estrofe escrito por ela. Ficava imaginando como ela conseguiu me arrancar tantas sensações em apenas seis versos...

O escritor nada mais é, que um animador das letras, lhe dando vida e forma. Lhe aplicando sentido e inspirando-lhe sentimentos. Somos entusiastas das letras, transmitindo para o outro aquilo que está contido em nós. Animar as letras significa inspirar no leitor todo e qualquer tipo de emoção e sentimento. Inspirando a alegria, inspirando o amor ou inspirando tristeza... Pois não importa se um textos não lhe toca interiormente, ou se a princípio, o autor não quis dizer "nada". Aquele texto talvez não tenha sido feito para você, ou você ainda não tenha vivido sobe a animação de tais palavras. Mesmo aqueles se propõe a escrever sobre "nada", poderá tocar aqueles que também não sentem nada.

ANIME-VOS O INANIMADO

Obs: Animar; Dar vida, dar ânimo. Tornar mais vivo; interessar, entusiasmar: animar uma conversa, um auditório. Excitar, encorajar