Segundo ela, Charminho de poeta

Em um momento

Muda tudo.

Uma tarde sozinho.

A ligação adiada.

A chuva,

A agua escorrendo na escada.

Repensar uma vida

enquanto a vida dorme.

Tudo mudou,

E absolutamente tudo

Permanece inalterado.

Indefinidamente avesso ao que esperei encontrar

Nos teus olhos.

Penso se falo besteira,

Mas besteira é ter vergonha de falar sozinho.

e falar sozinho é

Vergonha de ver tudo

E não enchergar nada

Além do que se espera ver.

Poesia?

Ora, essa pergunta audaciosa.

Não me interessa.

Poesia é estar eu

Planejando um telefonema, e escrevendo um texto

sobre isto.

Poesia em tudo

que é exemplificado

Pelo anseio de não

ser.

Novas são as esperanças,

Novas são as esperas.

Nova é a sensação

de não haver novidade.

Somos apenas nós,

E os lugares onde chegamos através

dos nossos próprios passos.

Mas dormimos no processo.

E nesta tarde não dormirei.

Nesta tarde pretendo

assistir a água escorrer pela escada.

E o telefonema, adia-lo-ei um pouco mais.

Wan Carlos Firmino
Enviado por Wan Carlos Firmino em 29/12/2015
Reeditado em 21/11/2016
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