A estupidez do nosso sentimento

Eu quero que você suma, pra nunca mais. Mas mudo de idéia quando ouço aquela música que te fez deitar no meu colo e me fez acariciar seus cabelos.

Era um dia chuvoso e à medida que a água caia minha vontade de ficar ali pra sempre, naquele cubículo com nossas mãos entrelaçadas, era enorme. Há tempos que nossa amizade era regada por amor e ódio. Eram raras as mensagens, não fazíamos questão, porque no fundo sabíamos que mesmo sufocando nosso sentimento, ele existia, ele sempre lutou contra a razão.

Mas no momento em que nós damos as mãos, num encaixe perfeito, eu culpo a minha mente por todas as imperfeições criadas a fim de sufocar qualquer sentimento existente que me faria sua, no mais simples compasso daquela canção, que naquele dia ligou nossas mãos e também nossos corações.

O tempo todo fomos sujeitos omissos. As declarações de afeto até então eram desentendimentos estúpidos do dia a dia, como por exemplo, quando eu questionava a forma como você utilizava do desdém para discutir coisas relevantes, ou quando você reclamava de minhas grosserias. Mas foi diferente naquele dia no seu apartamento, sob os olhos fechados você acariciou minhas mãos, e há tempos eu precisava de carinho.

Eu sabia que eu deveria ir embora, e quando saísse por aquela porta eu deveria manter os laços de amizade, como sempre foi, sem mensagens, sem maiores demonstrações se não as ridículas e as implícitas. Eu deveria, nós deveríamos, sempre foi assim. Provavelmente nós nos veríamos no próximo ano, mas a saudade não demorou a vir, ela veio assim que eu sai por aquela sua porta. E sabe qual é o pior? Você também sentiu minha falta, eu não sei lidar com a reciprocidade, porque ela vem em conjunto com a esperança e o sentimentalismo. E agora eu não sei mais se eu quero que você suma.