Armadura de vidro
Minha armadura é de vidro
De rachaduras pequenas e estilhaços profundos
Meus remendos esquisitos cobrem com delicadeza
Mas não com perfeição.
Paciência não repara as emoções
Cola velha não dá jeito
E o silêncio é fita adesiva que segura a raiva.
Disfarço, amenizo e sigo, em silêncio absoluto e sorriso forçado.
Pois sei que deveria ter coberto melhor meus medos
Contra acidentes de percurso
E agonias desnecessárias
Mas existe beleza no estrago
Existe a dualidade de ser frágil como cristal
Pois há beleza na desgraça
E graça no pesadelo
Mas não há sono por hoje
Sentir é o preço pago pela intensidade,
Então que seja assim
Não nasci para o limbo e nem para emoções rasas.
E essa é a dádiva daqueles que tem armadura de vidro.
Pois toda rachadura é cicatriz
E toda cicatriz é oportunidade
De ser melhor, de sentir melhor, de estar melhor em si, antes de qualquer outra possibilidade.
Charlene Angelim