Um sexagenário, apenas mais um sexagenário

É quando se chega nesse estágio da idade que conseguimos enxergar de perto o que um sexagenário passa, conseguindo driblar suas já corroídas forças e fazer até muito mais do que seria capaz se não estivesse diante do aperto, da necessidade e da condição de ter somente Ele naquele momento para resolver certos problemas. Subir escadas correndo, carregar pesos acima do ideal para a sua idade, decidir em minutos o que fazer para salvar os seus atendidos, enfim, desdobrar-se para não sucumbir junto a quem lhe coube a incumbência de selar por sua vida. Nesses termos bati no peito e gritei para mim mesmo para que ninguém ouvisse, venci, mas nesse momento lágrimas correram pelo meu rosto já bastante castigado pelo sol e pela dureza da vida, então pensei e pensando eu chorei, chorei e daí? Por acaso é pecado chorar uma vitória? Chorei escondido, mas não podei o meu choro, deixei-o escorrer e lavar minha alma que há dias estava escura na dúvida, e agora, há agora poderia branquear mais uma vez e ser levada de novo ao encontro de seu companheiro de lida, o cansado corpo.

Hoje o meu cansaço é outro, é o mental ao perceber que na vida de uma família que você quer preservar não tem descanso, tem apenas momentos de lazer e alegria quando estão todos reunidos, com saúde, com alegria e amor, muito amor. Confesso que alguns de meus natais não foram lá essas coisas, mas esse em especial ao ver uma de minhas crias com sua bebê no colo a sorrir, pude novamente repetir em silêncio, eu venci, com a ajuda de muitos colaboradores e do Altíssimo, mas eu venci. Descanso? Há não penso nisso, a experiência e a vontade de viver ainda muito mais não me deixa cansar, baquear as vezes, mas cansar jamais, porque a vida tem que continuar. Quando me for dessa terei anos e anos para me refazer e, quem sabe um dia centenas de anos depois retornar, mais fortificado, mais evoluído e mais robusto talvez.

A vida nos prega peças é para nos certificarmos de que vale muito a pena lutar por aquilo que acreditamos sermos capazes de reverter a nosso favor. E assim vamos à luta, porque se parar enferruja e enferrujado a traça do tempo corrói e corroído não podemos ajudar no tempo certo, portanto, vamos preservar aquilo que Deus nos deu com respeito e dedicação. Isso é apenas o lamento de um sexagenário, mas um sexagenário que não se entrega. Fiquem com Deus.