O andarilho amoral
Percorrendo a ponte infinda
Do impulso de viver
Em tempos líquidos
Onde tudo que é sólido se desmancha, se esvanece
Vejo pelas miúdas lentes
Embaçadas que fiz de mim
A cada passo
Faço customização de tudo ao meu redor
Gozo de abstrações
De fluxos de desejos que permeiam a minha matéria
Sou indócil ao estabelecido
Sou o andarilho amoral
Vejo que tudo é insustentável
Por si só
Observo os objetos dominando as criaturas
As marionetes inanimadas manipulando os seres com almas
O ser que era livre
Não goza mais da sua liberdade
Como um imã
Tudo que passa, faz morada em mim
E no trânsito dos vocábulos
Dou sinal vermelho para a incitação das pseudo-verdades
Pois, a tal da verdade,
Só pode estar no mais profundo mar de nós ...