O andarilho amoral

Percorrendo a ponte infinda

Do impulso de viver

Em tempos líquidos

Onde tudo que é sólido se desmancha, se esvanece

Vejo pelas miúdas lentes

Embaçadas que fiz de mim

A cada passo

Faço customização de tudo ao meu redor

Gozo de abstrações

De fluxos de desejos que permeiam a minha matéria

Sou indócil ao estabelecido

Sou o andarilho amoral

Vejo que tudo é insustentável

Por si só

Observo os objetos dominando as criaturas

As marionetes inanimadas manipulando os seres com almas

O ser que era livre

Não goza mais da sua liberdade

Como um imã

Tudo que passa, faz morada em mim

E no trânsito dos vocábulos

Dou sinal vermelho para a incitação das pseudo-verdades

Pois, a tal da verdade,

Só pode estar no mais profundo mar de nós ...

Marcão Cruz
Enviado por Marcão Cruz em 23/12/2015
Reeditado em 26/05/2021
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