Sem Destino

Ando seca. Normal. O vazio existencial nos atinge em algum momento. É aquela hora em que analisamos os feitos, nem sempre admiráveis, as conquistas, batalhadas ou simplesmente aceitas e mesmo com toda secura de sentimentos, onde incluo a esperança, ainda há espaço para os sonhos, até os mais malucos. Ando esgotada. Ando irritada. Ando por andar. Sem rumo, sem foco, sem destino. Não é a chegada de um novo ano, nem a melancolia que se instaura nessa época. É apenas a constatação de que nada possuo, nem memórias. E talvez não ter nada, signifique ter tudo. Pode ser uma vantagem não ter o que perder, não ter a quem deixar, poder ir, por um tempo ou pra sempre. Queria pegar o próximo ônibus, passagem só de ida com destino a "Sabe lá DEUS onde". Não sei onde fica, nem conheço ninguém que more por lá. Apenas olharia pela janela e reconheceria o meu lugar de recomeço. Temos essa mania de querer buscar bem longe o que uma simples viagem interior poderia resolver, mas sei bem o que encontraria nessa imersão em minha essência. Tristeza, dor e nenhuma luz. Quem sabe uma bem pequena, lá no fim do túnel. Certamente morreria asfixiada antes mesmo de alcançá-la.