QUEM ERA AQUELA MULHER?
Todas as noites
Ela ficava em sua espera
Sua alma de mulher era sincera
E o homem chegava todo e sempre leviano
Tragando-lhe a alma, lhe perfurando,
Rasgando seus sonhos lhe matando
Mas era o amor amando,
Quem era aquela mulher chorando?
A doçura na espera do amargo lhe inventando amor,
Lhe domando,
Todas as noites sem fim,
Ela lhe esperava chorando
Era o pai de seus filhos, lhe colocando em prantos
Estupro, chamava amor
Amor criando temor, devorando
Aquela mulher sem bolsos, sem malas
Nas travessias da vida andando
Qual droga lhe apavorava?
Qual amor lhe criava?
Nada melhor que viver a seu mando
Ciúme acampava as portas de sua casa
Que casa?
Quantas almas se levantaram sob o mesmo corpo
De quem não sabia o caminho menos tortuoso?
Era a mulher divagando num mundo vazio
Que nem sua vida sabia cuidar sozinha
Mas, suas noites pareciam eternas
Porque alguém lhe abria as pernas
Perfurando seu ventre
Em horas incertas
Quem era aquela mulher?
Era a mulher pura, que se embriagava de penúria
Que se colocava na luxúria
Mas morria em todas as horas
Que o homem lhe destroçava,
Seu corpo, campo de batalha
Perdedor, perdido com dor,
E de todas as mulheres
Somente aquela ele torturava
Arrancou-lhe destemperadamente o espirito
Que nem o inferno aceitava
Quem era aquela mulher
que um só homem dominava?