"DE TEXTURA DOURADA"
 
 
Um sangue corre nas veias
nenhum amor pode evitar
ser profundo
o trágico informa
o mundo diferente
visto de fora
ela namora o tempo
eu vejo o mudo que logra
existir um outro
veias diletas trafegam no escuro
quando “me sinto” perto dela
apertam pulsos
mãos discretas fogem
covardes
trêmulas do absurdo medo
de perde-la
quando o mundo dela
invade
corações da verdade
preferem retorcer os primados
da fantasia que tenho
promessas vendidas
de pessoas perdidas
sempre aparecem
parecem estar convidadas
trazem o enredo dos velhos
hipócritas
sobre a lógica imperativa
dos senhores
que desde cedo
nunca foram jovens
o amor recorda infância
ressonância de “largos” risonhos
sem veneno
vivendo a linda fábula
sem as mágoas do “perfeito”
que precisa dos defeitos
pra jogar sobre a mesa
o amor não tem certeza
 
o amor pode ser covarde
precisa de alguém que invada
sua morada coberta
de solidão
devaneios soltos no ar
o que eu desejo amar
tem céus por alma
falando de corpo inteiro
perder sem tocar sua pele
sem as seivas trocadas
que o amor bebe
da loucura nascida
de tudo
pode nascer primaveras...