Ao meu lado e longe de mim.
É dia.
Dia que não é hoje. Dia que foi ontem.
Dia que passa e eu mal sei como passo e quantos passos mais eu saberei dar sem ver, ter, sentir, ouvir você.
É noite.
Noite que não é hoje. Noite que foi ontem.
Noite que passa por mim e me traz você, você que me traz paz, traz luz para uma noite que estava sem graça.
Mas que graça tem não ter permissão de dormir em teus braços?
Alguém bate em nossa porta.
A porta se abre e sua alma, seu brilho e alegria se vai...
Sem saber que tua essência tinha se exilado eu volto para te encontrar e percebo que já não estava mais ali o calor dos braços que me acalentava.
Ainda é noite. E a noite só acabou de começar.
O vento uiva em meus ouvidos e eu tento perguntar-lhe pra onde ele o levou. Quero ir lhe resgatar. O segredo é profundo. Não me foi revelado.
Eu sento, pois sozinha não sei ficar em pé e ainda desorientada vejo-lhe parado, isolado, calado, sentado....
Ainda é noite.
E a noite se alonga quando procuro-te e não encontro-te.
O sono veio, lhe arrematou, e me deu de herança a gélida noite onde a morte foi minha companheira.
A morte.
Que me ouviu e me fez sentir a aridez que virara meu peito sem o regado dos teus beijos. A morte que instaurava-se naquela noite onde a luz já se apagara. A morte que nos viu e sentiu inveja quando a minha vida se fundiu na sua.
A morte maquiavélica que entende que sem você é insuportável viver.