Ela

Ela só queria viver um amor de verdade. Encontrar alguém que enxergasse seu interior mais que o exterior, alguém que a amasse independente de seus erros, de seus defeitos, da sua introspectividade que sempre a afetou e a isolou de todos por toda sua vida. As letras e os pensamentos sempre foram seus companheiros, um turbilhão deles a acompanham vinte e cinco horas por dia. Pessoas entraram na sua vida, fizeram festa, fizeram velório, fizeram de tudo, e o que restaram foram lembranças. Falar dela mesma e de seus sentimentos nunca foi algo prazeroso, afinal, nem mesmo ela os entende. Mas alguém que chegou devagar no seu caminho, alguém que entende todo seu mundo interior e "enletrado", e que a enxergou da forma que ela sempre quis ser vista, mudou totalmente sua visão sobre o sentir. Um sentir jamais sentido, um sentido jamais tocado, um sentimento nunca sentido antes, em uma situação nunca imaginada. Ela que sempre buscou um motivo para as coisas acontecerem, um porquê disso ou daquilo, de repente, enxerga o quanto a vida pode acontecer desregradamente. Ela que sempre mediu, calculou e planejou tudo, agora vê o quanto isso é inútil quando te faz perder tempo invés de buscar o que quer. Ela que sempre achou que os outros estavam sendo mais felizes que ela, acabou descobrindo que a felicidade está dentro da sua mente e coração, depende da forma que enxergamos as coisas. O certo e o errado já não têm definição, tudo tem um ângulo e uma relação. É preciso amar-se e saber o valor que se tem para aceitar o que merecemos. Ela entendeu que errar faz parte, e é errando que compreendemos o que realmente vale a pena. Ela aprendeu que pelo amor, ela morre, pelo amor, ela perdoa, pelo amor, ela sorri, pelo amor, ela sofre, pelo amor, ela recomeça, pelo amor, ela espera e pelo amor, ela vive.