Do livro "Gardênia" 1
Primeiro Ato :
O homem animal do animal homem.
Eu ainda tinha entre os dentes o resto da carne da primeira fêmea que havia comido nas primeiras horas da manhã, mesmo assim olhava rangendo os dentes de macho alfa cada curva do corpo de Gardênia e como um predador mirei-lhe de primeira a sua jugular, o pescoço dela tinha detalhes que eu jamais havia visto em outra fêmea e isso fez com que a minha natureza fosse completamente distorcida e como todo o animal que só ataca à presa quando realmente precisa preparei-me para o bote, mas antes mesmo do ataque que seria brutal aproximei-me e comecei a cheirá-la , primeiro os pés ao ponto de quase mordê-los enquanto minhas unhas quase arrancavam-lhe a sua pele, o Corpo de Gardênia não se mexia , enquanto eu continuava a escalá-lo lentamente , firmemente , meus lábios roçavam-lhe a carne enquanto meus dentes semiabertos preparavam-se para a mordida que seria fatal , minhas unhas da mão esquerda já havia rasgado a roupa de Gardênia enquanto de minha boca saia o som de rugidos, cada vez mais eu sentia a natureza desprotegida e o cheiro do corpo de Gardênia fez com que a minha língua sentisse o sal temperando a pele e por fim tinha eu o corpo de Gardênia preso entre minhas garras e meus dentes e sem ligar para os gritos arrastei a minha presa para dentro de minha selva interior .
As cortinas não desceram, e sobre o tablado eu ainda podia ver as pegadas, olhei para frente e as carreiras intermináveis de cadeiras vazias , cadeiras de veludo vermelho, bolsas, sacolas , roupas , coisas abandonadas como se as pessoas saíssem correndo , assustadas, ainda olho para o chão do tablado e sem querer começo um cansativo e longo monólogo, de minha boca escapam frases inteiras fugindo de minha mente pela minha boca procurando abrigo em outras mentes...não vejo ninguém, estaria eu ficando louco? E quando as luzes começam a ser desligadas eu chamo por ela Gardênia , Gardênia .