O Peso de ser Alguém
Sempre que a sua alma pedir para descarregar o peso dessa vida, não repense. Descarregue. Se algo está pesado, é porque duas opções muito restritas estão para serem obrigatoriamente aceitas e não escolhidas.
Uma, é o fardo que você aguenta carregar, de tudo aquilo que se acumulou como direitos adquiridos, tal como o emprego que tanto sonhou financeiramente, ou uma relação que levou anos para chegar ao estado em que se deve. O que você não percebeu ao longo do caminho, talvez, é que por tanto querer e ter, o que era para ser um benefício de prazo imediato, se tornou uma poupança de expectativas.
E o que aconteceu com tantos desejos, que antes, eram leves e fáceis de soprar sobre qualquer direção do tempo? Ninguém sabe, porque ninguém viu. A gente simplesmente não vê o tempo passar, a não ser que ele nos recompense com aquilo que queremos.
A outra opção, é o efeito borboleta. Tal qual o filme, que induz a impossível sensação de voltar ao tempo e fazer diferente tudo o que fizemos. Na verdade, fazemos isso o tempo inteiro, quando algo dá muito errado. Quantas e quantas vezes, partimos daquele ponto onde achamos o que está errado e tentamos fazer com outra pessoa, exatamente a mesma coisa? Ou então, deste mesmo ponto de partida, tentamos fazer coisas diferentes, com a mesma pessoa?
Pode parecer um falso exemplo mas tente se imaginar em uma sociedade que te induz ao erro e tente não achar que o errado é você. E quando achamos que estamos de fato errados, percebemos o quanto é grande e pesado a consistência de ser alguém. Quando eu digo, ninguém costuma acreditar:
Sorte daqueles que lhe bastam pouco tempo, como um segundo de todo o tempo desse mundo, para carregar consigo somente as necessidades básicas, momentâneas, como o bem estar, a disposição, a observação...
Crer pra quê? Se existirá para todo sempre um dia depois do outro, com uma boa noite no meio?Então eu te pergunto: Até quando você vai ser alguém nesse mundo, para carregar a dor ou a alegria de ser quem é? Até quando, você terá sua cota de sorrisos ou de sonhos e não importa, se grandes ou pequenos?
Até quando você pretende ser pretexto de algo ou alguém?
Não fuja das escolhas. Não carregue tantas escolhas...
Fuja dos padrões e carregue contigo o indivisível ser.
Gita Habiba - Maio 2015.