Nesta ânsia louca de reter o tempo que impiedoso passa, para ter tempo de estar contigo, acabo de mãos vazias. A imaginação corre solta quando fecho os olhos e sinto na ponta dos dedos sua pele quente e suada, nos lábios sua boca louca querendo tomar posse de tudo. Invades meu silêncio com tanta doçura que não resisto e mergulho nos mistérios das suas águas. Navego nas profundezas do seu mar fundindo nossos desejos, deixando que a loucura insana faça dos nossos corpos um só barco. Deixo-me levar nesse sonho, a cada toque meus gemidos ecoam entre cavalos-marinhos e corais que enfeitam minha cama. Lençóis de palavras sufocadas que sussurro em seus ouvidos são redes de poesia tecidas na solidão do corpo. Essa dor do tempo que passa, transforma momentos em saudades, um gozo que sangra e rasga a alma, deixando essa melancolia de não saber quando estaremos juntos novamente. 
Não mais estaremos juntos, você partiu. 
Um dia, quem sabe, naufragaremos juntos, nas águas sem tempo, sem medo, sem fim, onde o toque é eterno e o abraço, imenso. Até lá, deixo que as marés levem o sonho, em cada onda, um fragmento do que fomos, esperando que, no abismo do infinito, o amor renasça, livre das amarras do adeus.
(Cida Vieira)

 

Dedicado a J.D.C.G.