A menina, as primaveras e os sonhos
Ela, moça frágil e forte, grande e pequena, doce e azeda, amarga e feliz amava tanto os aniversários quanto as primaveras, para ela ambos eram sinônimos. Amava as flores, as cores, os dias, as datas e os natais - os seus natais, o natal do Cristo e os natais dos mais próximos. Quanta vida ela sentia nestes dias!
Emanava amor por onde ia sem medo, sem maldade, sem malícia, sem segundas intenções. A menina era só amor do início ao fim embora, como qualquer outra pessoas tivesse seus ataques de nervos de vem em quando...
A menina tinha tantos sonhos que não cabiam dentro de si e volta e meia estes sonhos eram refletidos pelas lágrimas. Ora, lagrimas?! Sim! A menina das primaveras sofria por medo de não alcançá-los. Eram sonhos grandes, ambiciosos, revolucionários e por parecerem impossíveis volta e meia ela se via no lugar errado, na via errada, na vida errada, nas escolhas erradas. Era uma loucura! Dentro daquele coração grande e doce, triste e feliz, calmo e turbulento havia os maiores mistérios que a humanidade já vira, mas ninguém os conhecia, ela era só dela e nem sempre permitia ser turistada por povos estranhos.
A menina das primaveras e dos grandes sonhos sentia dentro de si um desejo inexplicável de dividir com o mundo e com as pessoas as coisas boas que era capaz de ver... Ela queria que todos lessem os textos que ela lia, que todos fossem capazes de enxergar dentro de si e dentro do outro, do próximo. Ela também queria acabar com a dor! Ahhh, seu sonho era zerar as cotas de dores existentes... Ela odiava o fato de as pessoas sentirem dor por falta de amor, de amizades, de carinhos, de palavras, de escuta, de comida, de patologias e principalmente das dores psicológicas... Ahh, ela lutava contra estas como um valente guerreiro ao combater um dragão!
A menina dos sonhos e das primaveras não era perfeita, não era santa, não era a melhor pessoa, não era a mais bonita, não era a mais legal, não era a mais inteligente, a mais corajosa, a mais forte ela não era mais que ninguém em nada! Ela só era esforçada e dedicada e sonhadora e batalhadora... Ela só gostaria de se conhecer mais e conhecer mais o outro e compreende-lo mais e amá-lo mais e ser mais capaz de ser como Quem a criou.
A menina das primaveras e dos sonhos tinha tanto a dizer que se perdia em meio as palavras e as letras e aos textos e a vida... Ela se perdia e dizia coisa com coisa, mas sabia que perdida ou encontrada ela era ela e isso bastava. Ela sabia quem era ela, a menina das primaveras e dos sonhos...