Olha no que eu me tornei

Numa pessoa que chora em silencio no quarto por não saber fazer algo.

Numa pessoa presa dentro de si, escondendo segredos, guardando ilusões.

Num nada, numa merda, num desiquilíbrio humano.

Numa pessoa que pensa em fugir da realidade tomando remédios que trazem sonos profundos.

Numa pessoa sem confiança, que não inspira confiança, que afasta os outros, que se afasta de si mesma.

Numa pessoa silenciosa,

Numa pessoa sem palavra,

Numa pessoa medrosa.

Numa pessoa que tem sonhos altos, mas que não realiza nenhum.

Numa pessoa que acha que uma viagem de ônibus sozinha é sinônimo de liberdade.

Numa pessoa carente, mas que demonstra ser forte para não necessitar de ajuda, mesmo necessitando.

Numa pessoa que é constantemente deixada de lado, que não se sente bem com essa situação, mas que não ousa mudar.

Numa pessoa carente, de tudo, de todos, de nada, de muito, apenas de você, mas eu não quero você.

Numa pessoa que abandona os amigos, numa pessoa que arruma novos amigos, numa pessoa que não quer ter amigos.

Numa pessoa que não para de roer as unhas, que se corta, que se maltrata, que se diminui, que não acha que é capaz.

Numa pessoa que nunca diz não, numa pessoa que nunca diz sim.

Numa pessoa que não pede ajuda, que não sabe pedir ajuda, numa pessoa que diz em pensamentos... Socorro.

Numa pessoa que chora baixinho, que chora escondido, que é vagarosa.

Numa pessoa que quer tudo, mas fica encalhada no nada.

Eu me tornei essa pessoa, eu sou essa pessoa...

Socorro.

C Vaiolet
Enviado por C Vaiolet em 01/12/2015
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