Duas faces da vida

Esta vida é um grande teatro, em que representamos, ora uma tragédia, ora uma comédia, às vezes uma tragicomédia.

Durante o dia, revezamo-nos nos papéis de vítimas ou heróis, de bandidos e mocinhos, de doentes ou saudáveis; há os palhaços e os que riem; os que desempenham os papéis de médicos, de professores, de trabalhadores rurais, ou das empresas; dos ricaços que passeiam nos carrões, e dos assalariados que se espremem nas conduções.

Sim, um grande teatro, e ao representarmos nosso papel, somos remunerados com um papel que nos garante - ou não - a subsistência.

À noite, não. À noite, após conciliarmos o sono, voltamos para casa, e encontramos nossa família. Então não há brigas, não há guerras, não há conflitos nem rivalidades, não há que se trabalhar, não há doenças e remédios amargos e podemos fazer o que gostamos sem precisarmos de dinheiro ou de prestar continência aos poderosos, e não somos punidos por violação de nenhuma lei.

Depois, os primeiros raios de sol são a senha, a campainha avisando que logo recomeçará o próximo ato da comédia da vida.