Caleidoscópio cinza
Acordei cedo pensando no que escrever para abrir esta nova fase da minha vida, esta nova página que a pouco construí. Pensei em agradar muitos, pensei em poucos destruí; foi em vão.
Antes disso, custei a dormi, tive vertigens e cheguei até cair da cama. Fiz um chá amargo, daqueles de descer retirando todos os males até mesmo o da alma. Acendi um cigarro que a muito não fumava devido ao recente princípio de pneumonia. “Isso não está certo e é tampouco saudável.” Pensei. Olhei aquelas cinzas sendo tragadas pelo vento na mesma hora que eu expelia sua fumaça negra e eu podia ver rostos por entre aquelas névoas poluídas. Comecei a rabiscar. Eu riscava tudo. Pichei as paredes do meu terraço, o chão perto da máquina de lavar, pichei meu colchão vazio e como já não tinha mais o que sujar, comecei a desenhar no meu corpo e quando me dei por mim, já era cedo, me vesti e fui fazer minha caminhada matinal.
Lá eu encontrei as folhas dançando e aquele cheiro gostoso da natureza. Comecei a correr. Eu corria tanto, mas tanto... Na verdade eu corria de mim.
Em O Diário idiota de Rafaela