Como um dia de Domingo

Domingo é o dia oficial da saudade. Claro, sinto saudades da minha vó. Ainda acredito que Deus permita a algum anjo entregar à ela meus recados noturnos.

Hoje, em especial, sinto saudade daquela criança que um dia fui. Eu era tão radical procurando justiça em cada ato. Não entendia os adultos e sua capacidade de simulação.

Um dia quando me percebi, de certa forma, injusta com meus amiguinhos - parei! Tive um momento reflexivo. Voltei ao meu quarto, pintei uns desenhos e decidi que optaria por viver em paz.

Mas, nem sempre sentimos essa paz. Algumas pessoas nos roubam sutilmente.

Na contra-mão, novamente, surgem as reflexões. O mundo e as pessoas as vezes surtam. Eu surto. Cada um guardando sutilmente seu CID numa caixinha velha e gasta pelo tempo. Como se fosse um tesouro ou um bem inestimável ao qual não podem livrar-se. Lustramos nossos defeitos manifestando todo orgulho possível.

Esquecemos que para viver o novo temos que estar igualmente novos por dentro. Sem todo esse lixo que nos foi depositado a cada relação.

Assim, minha saudade hoje na verdade não é da criança. Mas, de um momento onde não tinha tanto lixo tóxico dentro de mim. As vezes fico sufocada. De repente a resposta seja novamente parar. Refletir em busca do que me faz sorrir. Do que tira lágrimas de emoção. Porque no meu mundo não cabe mais sofrimento. Que ser feliz faça parte do acordar ao deitar. Porque ser infeliz é história de um outro tempo. Que a minha vida seja tranquila - como um dia de domingo.

Ana Liszt
Enviado por Ana Liszt em 15/11/2015
Reeditado em 15/11/2015
Código do texto: T5449394
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