Enervando o sono.
 

É muito complicado encarar o silêncio; deixar o mundo submergir dentro dessa realidade do “você não existe enquanto não fala, e qualquer coisa além disso, é parâmetro pra medir sua insignificância”. Não se lembrarão de você. Um dia, talvez (longinquamente), perguntarão: “oh, por onde andarás aquela criatura?”, ou até comentarão sobre você singularmente, mas sem saber que você já existiu; estariam invocando um anjo, alguém que, aos olhos do mundo, não pertence a uma raça linguística “uma pessoa que sabe sentir, viver, amar – e que, além disso, sofre por apreciar tudo de mais belo que existe”. Assim eu a encontrei; perdida na nevasca, dentro de meus olhos. A beleza sempre haverá de se importar, não importa o que se faça. Gostaria de não ser tão patética ao observá-la, em sentí-la tão perto, em saber que nada ultrapassará os anos e anos envoltos em discórdia e falso segmento de amor nos quais eu tenho vivido.

Desde que me tornei um Diabo, minha noção de espaço e tempo foram exterminados. Sou capaz de amar a mais podre das criaturas e de vivenciá-la -  da mesma forma e complexidade.

Está tudo bem, pois há uma ausência. Sempre estarei fugindo de alguma coisa.
Lainni de Paula
Enviado por Lainni de Paula em 07/11/2015
Reeditado em 07/11/2015
Código do texto: T5440612
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