LÁ LONGE

Lá longe, longe perdido nas águas profundas

Do rio que corre, que passa entre as fragas

De seixos escorregadios onde sofro sozinho

No respirar de um simples suspiro de dores

Sede partilhada da tua boca sobre ondas

No desaguar da foz, andam as andorinhas

Nevoeiro de murmuro de uma oração ausente

Feita de argila estéril, seca de morno sangue

Noites tristes de cinzas vermelhas no regresso

De um beijo sobre as asas que se jogam as folhas

Carrego na minha alma os teus passos silenciosos

Vestes negras de adagas afiadas na carne do corpo

Lá longe no rio de águas profundas entre os seixos

Onde tudo se transforma em limos de vida ou morte

Regaço dos abraços na partilha da tua boca da minha

Espelho absurdo de um santo remédio feito em oração

Liberdade onde inverno no santuário do teu doce corpo

Na tua procura dos meus seios do amor transformado

Onde as águas correm sem destino até ao nosso silêncio

Gemidos que navegam sem rumo, perfume das rosas no rio.

Isabel Morais Ribeiro Fonseca

Isabel Fonseca
Enviado por Isabel Fonseca em 03/11/2015
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