CANIBALISMO – A história não contada
Ucrânia – 1932-1933
Enquanto você não sentir fome o bastante nunca julgue um canibal.
Esqueça os demônios, espíritos malignos, possessão.
O cenário é catastrófico. No meio de uma guerra, as últimas migalhas para comer apodreceram. Os ratos viraram pó. O único resto de carne que existe no momento, naquele lugar, é a do seu vizinho.
Todos se olham famintos. Articulando o ataque. Lambem os lábios sujos de poeira, preparando mentalmente a janta.
Um corpo de um adulto alimentaria uma família de quatro membros por uma semana, se todos comerem com educação, claro. Porém a carne de uma criança é mil vezes mais saborosa.
Assim, aquele pequeno povoado da Ucrânia foi virando um deserto. Almas alimentavam almas que logo morreriam de um jeito ou de outro.
O que não fazia tanto sentido era o desejo de prolongar aquele sofrimento. Aquela moléstia. Aquela miséria.
Vítimas de uma guerra fria. Canibais socialmente incompreendidos. Detalhes ocultados.